“Nada se cria, tudo se copia” – se esse ditado popular é realmente verdadeiro ou não, abre espaço para dúvidas e debates. O fato é que faz parte de um processo de inspiração fases como apropriação e referência.
No dicionário como o próprio nome sugere, o termo apropriação significa tornar próprio ou tornar-se dono de alguma coisa. Para os criativos a linha de raciocínio é parecida, com a diferença que essa prática é muito comum. Usar referências antigas como fontes de inspiração ajudam consideravelmente na hora de criar algo novo.
Jan Waterston é um designer britânico apaixonado por explorar conceitos e transformá-los em objetos tangíveis. Com olhares atentos e sensíveis, seu trabalho é reconhecido por trabalhar com peças que visivelmente não são estimulantes, mas que são funcionais em uso.
O “Velo Chair” é a mais nova criação de Jan que ousou em fazer uma cadeira com junções quase imperceptíveis, além de um único elemento curvado como encosto. Já o assento tem desenho inspirado nas modernas bicicletas de ciclismo.
Esse projeto se aproveita das propriedades flexíveis da madeira para proporcionar uma experiência lúdica no simples ato de sentar. Moldado por linhas esculturais, o banco não possui encosto para costas e braços, exigindo certo equilíbrio do usuário.
Para o designer, essa ideia tinha como objetivo inventar um produto que fosse rico em estética e totalmente funcional. “Com cada superfície sendo esculpida à mão e em constante mudança, uma verdadeira natureza tátil se empresta ao design, implorando para ser explorada”, explica Waterston.
Para o diretor e designer da Mada Marcenaria, Fabio Scavassa, a grande sacada é transformar um objeto que foi criado para estar em movimento em algo estático. “Achei maravilhoso como ele transportou a ideia de uma bicicleta que foi criada para se mexer e ter velocidade, em algo que ficasse completamente parado como uma cadeira. Ser designer é isso, desenvolver peças pensando sempre em forma e função”, comenta Fabio.
Foto: Lourival Junior